El cuento del Enano y la Princesa
(Tesis)
Había una vez una princesa que vivía en un palacio muy grande. El día en que cumplía trece años hubo una gran fiesta, con trapecistas, magos, payasos..... Pero la princesa se aburría. Entonces, apareció un enano, un enano muy feo que daba brincos y hacía piruetas en el aire. El enano fue todo un acontecimiento.Bravo, Bravo, decía la princesa aplaudiendo y sin dejar de reír, y el enano, contagiado de su alegría, saltaba y saltaba, hasta que cayó al suelo rendido. “Sigue saltando, por favor” dijo la princesa. Pero el enano ya no podía más. La princesa se puso triste y se retiró a sus aposentos.....
Al rato, el enano, orgulloso de haber agradado a la princesa, decidió ir a buscarla, convencido de que ella se iría a vivir con él al bosque. “Ella no es feliz aquí” pensaba el enano. “Yo la cuidaré y la haré reír siempre”. El enano recorrió el palacio, buscando la habitación de la princesa, pero al llegar a uno de los salones vio algo horrible. Ante él había un monstruo que lo miraba con ojos torcidos y sanguinolentos, con unas manos peludas y unos pies enormes. El enano quiso morirse cuando se dio cuenta de que aquel monstruo era él mismo, reflejado en un espejo. En ese momento entró la princesa con su séquito.“Ah estas aquí, qué bien, baila otra vez para mí, por favor”.
Pero el enano estaba tirado en el suelo y no se movía. El médico de la corte se acercó a él y le tomó el pulso. “Ya no bailará más para vos, princesa” le dijo. “¿Por qué?” preguntó la princesa. “Porque se le ha roto el corazón”. Y la princesa contestó: “De ahora en adelante, que todos los que vengan a palacio no tengan corazón”.
Extracto de la película "Tesis" de Alejandro Amenábar
Djinn
viernes, 27 de julio de 2007
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1 comentario:
A experiência me mostrou que é inútil fazer o que vou fazer, já que ninguém tem paciência de ler, mas a gente faz o que é preciso, e o resto se ajeita:)
A Senhorita Etita precisa casar
A Senhorita Etita Bonita era, sem dúvida alguma, a dama mais formosa de toda aquela vila, e Pedro Paulo Padeiro sempre separava, para ela, os pães mais fresquinhos. Quando ela passava, o Senhor Doutor Agenor – homem de muitas posses, honras e méritos – tirava atarantado o chapéu numa reverência tola, talvez um tanto exagerada, mas certamente sempre presente. Saulo Assânio Solteiro, como todos os outros rapazes disponíveis do lugar, era vítima indefesa de devaneios imperativos em que se via observado com ternura por aqueles olhos castanhos de encanto da musa.
Patrício de Andrade Poeta, numa noite de inspiração, comparara a pele de Senhorita Etita Bonita à impressão acolhedora, incerta e delicada da sombra de uma flor ao vento. Os versos correram as ruas, de boca em boca, e nem a mais despeitada das invejosas foi capaz de levantar qualquer espécie de argumento contra aquelas palavras de admiração.
O condecorado Sargento Sorrateiro Sovina, apesar de pouco afeito aos gastos desnecessários, chegou a comprar mil pétalas de rosa, com as quais desenhou, sobre a grama do jardim da moça, as letras e palavras infrutíferas de uma declaração de amor – trabalho que lhe tomou mais de quatro horas, sem lhe render ao menos um olhar especial.
É que Senhorita Etita Bonita era moça muito avoada. Despreocupada deste mundo decadente. Vivia em graça; Em sonho... Rapariga de poucas palavras. E se parava um instante para ouvir a pregação do padre, no outro já se ia longe – atrás do vôo errante de uma borboleta. Do canto em festa de um passarinho... E assim cismava Senhorita Etita Bonita. Alheia aos brilhos da própria beleza, e à reação que esta provocava nos demais.
Quando fez dezesseis anos, fez-se espera por um preferido. E cada rapaz desesperado, e até mesmo homem casado, acreditou que poderia ser ele o escolhido. Mas Senhorita Etita Bonita não escolhia nada. As propostas se acumulavam na pequena caixa de correio de sua casa humilde, mas ela ignorava todas, com a mesma imparcialidade.
Sua mãe, senhora muito serena, acatava a quietação da filha. O pai, de temperamento também ameno, nunca se fez por forçar nada. Mas a vila, observando, incrédula, crescente euforia, não pôde suportar a intensidade de tamanha tensão.
Na Taverna do Touro Triste, toda noite há discussão. Um louco, um bêbado, um charlatão... Sempre havia um bufão. Que gritava ou se gabava, ser o par daquela mão. E o resto é esperado. Sempre alguém que discordava. E o clima piorava, terminando em safanão.
E Pedro Paulo Padeiro já não queria mais vender seus pães, pois fazia todos com máximo carinho, e dizia serem todos dela. E o Sargento Sorrateiro Sovina deixava soltos os presos na rua. A cidade em estado de sítio. É que ele já acordava com ares sombrios... Atravessava tardes absorto, pensando muito em mulheres – e as noites em pranto, num canto qualquer. Para os duzentos doentes de amor, o Senhor Doutor Agenor já não sabia mais o que receitar. Com a Senhorita Etita Bonita disponível para esposa, até as mulheres se esqueciam das tarefas de seu lar. As casadas, desquitadas, as donzelas, todas elas... Tão amargas, mal amadas, nem tentavam se enfeitar. E com inveja, maldade, despeito – exigindo direito – passavam o dia a flanar, procurando parceiras para fofocar. E o tema era o mesmo; Ninguém fez esforço pra reformular: Senhorita Etita precisa casar.
Então um dia, sem eira nem beira, a vila inteira se juntou na praça, em arruaça, para discutir a questão. Depois de mil idéias tolas, disparates, de rodeio, eis que surge uma opção. Era justo. Era um meio. Parecia a solução: um torneio! E então votou-se em reunião – em meio a grande confusão – o caráter da contenda.
Marcos Mota Marombado sugeriu uma peleja. Mas a moça, e disso todos sabiam, era um poço de ternura, e dificilmente se impressionaria com socos, chutes e pontapés. Valdo Vlad Vaidoso, por sua vez, propôs um concurso de beleza. Mas a maior beleza de todas era a da própria Etita, e por demais inútil seria procurar beleza rara, com a tez tão clara, que pudesse ser comparada à graciosidade da pequena.
A própria Etita concordou com tudo, sem prestar muita atenção. Na falta de uma conclusão, disse apenas, numa pausa, qual a sua opinião: “Pra lá do Lago Lancaster, há uma besta muito má. O Ikiri é fera famosa em nove terras do além-mar. Casarei com aquele que fizer o Ikiri cantar”. E assim se decidira a virtude do torneio.
Mas por essa ninguém esperava, e houve silêncio por alguns segundos. Fazer cantar o Ikiri era tarefa para deuses. Marcos Mota Marombado não podia confiar em sua força, pois sabia que não havia homem na terra capaz de derrubar o Ikiri no braço. Valdo Vlad Vaidoso saiu pisando de fininho, pensando em pentear os cabelos. E o Senhor Doutor Agenor viu que para aquilo não servia seu dinheiro, ou seus remédios – tantos méritos improdutivos. Patrício de Andrade Poeta desconfiou da persuasão de seus próprios versos. Todos tentaram desconversar. Guto Gula Guloso chegou a sugerir que, ao invés de fazer o Ikiri cantar, eles comessem cachorros quentes.
Até que alguém ergueu o dedo. Era Lorde Jorge Pobre – um moço muito humilde, e que de lorde só matinha o título. Ele não era forte, ou sábio, ou belo. Mas tão apaixonado, tão singelo, que não sentia medo.
E partiu de manhã cedo, com o otimismo de um bêbado. Levava apenas uma bússola, e pequeno bornal com o que comer. Foram dois dias de caminhada até além do lago, acompanhado por comitiva constituída de quarenta curiosos. Também seguiam os pais da moça, que testemunhariam fracasso ou sucesso do humilde camponês. Foram dois dias de caminhada, e era incerto se a besta estava por perto.
Até que enfim avistaram o bicho, e os curiosos chegaram pra trás. Apoiava-se, de cabeça para baixo, sobre o galho de uma árvore – como morcego, como macaco – e era malvado, tão sinistro e deformado, diriam mais tarde, como um homem que não é Homem. Como criatura tosca e torta do diabo, fazendo troça da criação de Deus.
O Ikiri tinha hipnóticos olhos imensos e furiosos – em movimento – como palimpsesto de insanos círculos dourados. E, bem no centro, uma esfera negra. Tão negra quanto o negro pode ser. Sua inesquecível boca pequena, desfigurada num eterno sorriso triste e macabro, fulminantemente falou:
- E quem se aproxima assim sem medo? Quem vem com sangue e com vontade de morrer?
O mancebo sentiu frio num momento, que só durou um segundo, até lembrar-se de Etita, e criar coragem tola de falar:
- Sou Lorde Jorge Pobre, que de Lorde só mantém o título. Se o Ikiri não conhece o amor, e nunca soube o que é a dor, não adianta eu me explicar. Poupemos tempo, nobre fera. Sem quimera. Sem lamento. Eu vou falar do meu intento – o que te espera – eu vim fazer você cantar.
Assim, numa ágil cambalhota, o Ikiri caiu com os dois pés apoiados no chão. Sorrindo seu sorriso safado, sacana e sutil. Com cautela, ou sem muita pressa, andou dois passos pra frente. E era impossível dizer se vinha sedento ou curioso.
- Eu já cantei pros deuses mortos, para os novos, pros antigos... De Osídios a Barrala, e todos eles me cuspiram na cara. Eu já cantei pra terra... vento... fogo... água... Cantei só pra passar o tempo, mas ninguém nunca me ouviu. Por que cantar pra um homem lento, fraco, louco, imerecido? Você é muito atrevido. Um debilóide. Um imbecil!
- Sei que ninguém nesta terra desolada tem como te obrigar a nada, disse Lorde Jorge Pobre. Mas o que quer que você faça, não faz frente à alternativa de não vir pedir. Eu só te peço que cante. E em troca ofereço, humilde, qualquer coisa que o Ikiri quiser.
- O Ikiri quer morte, disse a besta. E com um pulo já estava em cima do rapaz, com dez garras cravadas em seu peito.
Por trás de uma moita insuspeita de onde assistia tudo, a Senhorita Etita Bonita, que seguia sempre escondida, finalmente se entregou. Com um suspiro, um soluço – um lastimoso quase choroso – ela se denunciou. E o Ikiri, pronto para arrancar o coração de Lorde Jorge, por um segundo vacilou. Pôs-se a contemplar a bela, que agora, sempre sensível, já vertia lágrimas.
A besta fitou demoradamente o muchacho subjugado sob sua força. Inclinava a cabeça, ora para a direita, ora para a esquerda. Olhava para Etita, e então olhava para o rapaz de novo. E num momento que nunca se repetiu na História – visto que nunca houve fera com o coração tão negro quanto aquela, nem dama tão linda quanto Etita – o Ikiri teve piedade. E tirou as garras do peito de Jorge, que sangrava muito.
Depois sumiu-se nas árvores. Entre os galhos. Cantando:
Logo da primeira vez
Que o Sol surgiu no céu
A alegria deu um grito
E a tristeza pôs um véu
E não houve criatura
E não há tal criador
De matéria toda pura
Tudo tem mais de uma cor
E quem busca a verdade
Deve sempre se lembrar
Deus castiga com maldade
E o Diabo sabe amar
Etita correu até Jorge, e colocou a cabeça do mancebo no colo. Ele, por breve instante, até sorriu. E enfim cedeu. Tremeu. Morreu.
Carregaram o nobre jovem para a vila, em silêncio, com pesar. E assim se viu a Senhorita Etita Bonita, com um véu negro e traje branco – meio luto, meio noiva – com um defunto, casando no altar.
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